Este post é totalmente baseado em minhas experiências pessoais como mãe, minha opinião e relatos de pessoas conhecidas que tem crianças.
O Canadá tem tanto escolas públicas quanto particulares.
O custo de uma escola particular aqui é tão caro quanto um college ou universidade. Portanto é algo para uma minoria. Como eu não tenho nenhum conhecimento a respeito delas, será apenas mencionada como opção.
A escola pública é bancada pelo governo municipal através de uma parcela do imposto anual dos imóveis e uma parcela do governo provincial, que vai para um poll e depois é redistribuido de volta ao municipio basicamente baseado em número de alunos do board e cada escola recebe a verba pelo número de alunos matriculados.
A escola pública pode ser católica- tem ensino religioso, prepara o indivÃduo para comunhão e crisma e precisa ser batizado, requerendo o certificado de batismo ao registrar a criança na escola. E pode ser não catolica- não tem ensino religioso e completa a grade escolar com outras matérias e nas high school colocando a disposição do aluno matérias eletivas. Geralmente as escolas católicas e não católicas são vinculadas a seus distintos órgãos administrativos, portanto temos o board católico e o board não católico, e estes boards são representados no governo municipal por uma pessoa para cada board, escolhida durante as eleições municipais, para trabalhar as necessidade da comunidade junto ao governo municipal, associação de pais, escolas e conselho educacional. Esta pessoa é chamada de School Board Trustee. Ela é escolhida igual a um vereador, pelo voto, que aqui se chama council.
O fundo financeiro para as escolas é baseado em uma fórmula que basicamente está ligada ao número de alunos de cada board.
Para saber mais sobre School Board Trustee função, abram o link.
Além disto existem os conselhos escolares que envolvem pais, professores e administradores das escolas e juntos com o School Board Trustee eles trabalham para que os interesses da educação sejam aplicados e levados as instâncias superiores, quando é o caso.
Tantos as escolas católicas e não católicas em Ontário, oferecem o ensino pre escolar, kindergarten, junior e senior; elementar- 1a 8 série e high school 9 a 12 ou 13, dependendo da escola e do tipo de programa do aluno. Geralmente o ano 13 é mais para alunos que durante a vida academica escolheu matérias no nÃvel aplicado e que não tem créditos e conhecimento de certas matérias necessário para entrar em um curso especÃfico de college ou universidade. Nem toda escola oferece educação pré elementar.
Geralmente toda área geográfica da cidade- aqui a gente nem sempre tem bairros nomeados- tem um número de escolas tanto católica quanto não catolica, assim como escolas totalmente em inglês onde Francês é uma matéria e French Immersion, onde francês e inglês é meio a meio. Eu não saberia dizer se seria 50% das matérias ou tempo escolar.
Geralmente estas regiões são chamadas de "Ward", que são basicamente regionais dentro da administração local.
O número de escolas elementares são maiores, e as escolas são menores. O número de high schools é menor, com prédios maiores, pois eles agregam alunos de mais escolas elementares, dentro de mais "ward'. Em Ontário a proporção é de aproximadamente 1 High school para 4 elementary school.
Qual escola escolher?
Daqui por diante eu coloco a minha opinião e visão de mãe.
Escola de Imersão em Francês- se o seu filho ainda é pequeno, começando escola, está com 4,5, 6 anos, coloque ele numa imersão francesa porque ele vai crescer aprendendo os dois idiomas.
Se o seu filho já está no terceiro ano em diante no Brasil, analise o perfil do seu filho para ver se ele tem estrutura para ser colocado numa escola e aprender dois idiomas ao mesmo tempo. Tem criança que não gosta de escola e já oferece um certo desafio aos pais para que ela estude, faça as atividade. Já se seu filho é curioso, gosta de desafios, talvez não seja tão complicado.
Se o seu filho já tem uma base de inglês com esta idade, um pouco da barreira já é eliminada pois quando ele não entender o francês, ele conseguirá se comunicar em inglês.
Se o seu filho já está no final do elementary no Brasil, dependendo do mês em que ele nasceu, ele vai adiantar no minimo seis mêses aqui no Canadá. Se ele nunca estudou inglês, isto pode trazer muitas consequências mais para frente, pois ele vai ter que fazer matérias as quais ele não tem a base do ano anterior. Imagine isto somado ao fato de que ele pode ter que sair de classe para fazer aula reforço de inglês. Ele vai então perder aulas de matemática, ciências, geografia e cuja base talvez ele não tenha. Outro fator a considerar, é que nem sempre todas as escolas tem professor para ESL- English Second Language- e seu filho não terá este suporte. Fatalmente isto vai gerar nota baixa, desapontamento e frustração na criança, além da possibilidade de estabelecer um ponto inicial para bullying na escola.
Escola Inglesa- Eu pessoalmente considero que se a criança não tem nenhuma base de inglês ou uma base muito pequena, já está mais avançada no curso elementar no Brasil, escolher a escola inglesa é uma opção mais vantajosa para a criança e para os pais. Se para você é importante que seu filho fale fluente os dois idiomas, busque um curso de francês em paralelo para que ele faça e quem sabe quando chegar a hora dele ir para a high school, ele pode ter um nÃvel de francês suficiente para entrar para um French Immersion. Entretanto ele não passou pelo stress de estar sendo avaliado mensalmente pelo conhecimento que ele tem dos dois idiomas em diferentes materias.
Com certeza a criança tem uma curva de aprendizado para idiomas muito mais rápido que nós adultos, mas a questão que coloco é sobre estar sobre pressão e avaliação que vai impactar não só o aprendizado, mas também a auto imagem. Além disto, em certas matérias, a metodologia aqui é diferente da nossa e muitas vezes não conseguimos ajudar nossos filhos. Vi isto muito claramente em matemática.
Outro aspecto da escolha é a região de moradia. Aqui no Canadá geralmente a criança tem garantia de vaga na escola que atende a região aonde ela mora, assim como será elegÃvel, dependendo da distância, para uso do transporte escolar. Estudar em uma escola em outra região escolar vai depender de vaga, ser aceito pelo conselho da escola e não tem garantia de conseguir matricular no ano seguinte( caso haja um aumento de número de estudantes), assim como não terá direito ao transporte escolar. Neste caso, ficará a cargo dos pais levar e buscar, ou no caso das crianças maiores, usar o transporte público, se for o caso.
Entretanto nem sempre a região das escolas que tem boa referência no Institute Fraser são perto do college e da universidade, ou nem sempre é fácil achar moradia dentro destas regiões. Ter em mente diferentes opções de escolas, pode diminuir o stress do processo.
Minha experiência:
Não havia planos de imigração em nossa agenda. No ano anterior, cerca de 6 meses antes do meu marido receber a proposta de trabalho aqui, resolvi matricular meus dois filhos no ingles, para reduzir o tempo deles em frente TV. Mas meu filho já estava na 5 e já tinha uma base de ingles da escola normal. Minha filha ainda estava no beabá do ingles da escola particular. Meu filho já estava um pouco mais avançado em relação a ela.
Na escola que meus filhos estudavam, ensinava-se espanhol de 1-4, ingles e espanhol de 5-8, sendo que o número de aulas de espanhol era reduzido
Minha filha veio para cá com 10 anos e meu filho com 12. Ela é de dezembro e ele de março. Ela havia terminado o terceiro ano no Brasil e ele estava na quinta. Estudaram lá até abril. Viemos para cá em maio e eu os matriculei na escola inglesa e eles tiveram aula até final de junho. Ela tinha começado a quarta série no Brasil e aqui foi colocada na quinta série e ele na sexta. Em setembro ela foi para a sexta ele foi para a sétima série. No começo da sexta série ela era retirada de qualquer aula quando a professora de ESL estava na escola e ela perdeu muita aula de matemática. Este buraco na educação associado a falta de inglês dela no começo, fez com que ela tivesse muita dificuldade na matemática mais para frente e teve ano que ela ficou a perigo. Tive que gastar com professor particular e aula reforço. Muitas dos tópicos que a gente podia ajudar em casa, nós não conseguÃamos porque a maneira que eles ensinam aqui, é diferente da maneira como aprendemos. Lembro que há mais de 12 anos atrás cheguei a pagar $42 dólares por aula reforço, gerando um custo adicional de mais 500$ por mês para garantir que ela passasse de ano. O problema decorrente disto é que a média dela em matemática era baixa e como consequência ela não conseguiria entrar em nenhum curso de college em que matemática fosse um requerimento. Por sugestão do conselheiro da escola, ela foi mudada de nÃvel matemática acadêmico para matemática aplicada por ser um nÃvel mais leve. Isto associado à s aulas particulares a ajudou a ganhar o conhecimento básico que ela precisava e conseguir nota para passar e elevar a média. Mais tarde ela teve que fazer curso de matemática acadêmica para conseguir os créditos necessários para ingressar na universidade, pois ela escolheu contabilidade e administração. Depois do primeiro ano com dificuldade nesta matéria, nós a incentivamos a fazer o curso de matemática no verão acompanhada da professora particular , pois teria apenas uma matéria para estudar e com isto ela conseguiu subir a média dos últimos anos. A lacuna dos conceitos perdidos dos anos que ela adiantou quando chegamos aqui foram muito prejudiciais, pois no Brasil ela era tinha bom desempenho em todas as matérias.
Minha sugestão:
* Analisem a personalidade dos seus filhos e como eles são para lidar com mudanças.
* Não façam a escolha simplesmente baseado na vontade de vocês. É fantástico que eles cresçam fluente em dois idiomas. Pode ser um incrÃvel diferencial para eles. Mas vejam se eles tem este perfil, principalmente dependendo da idade escolar que eles tiverem.
*Coloquem seus filhos em aula de inglês no Brasil para que eles cheguem aqui já dando alguns passos. Conheço brasileiro que chegou aqui com criança de 4 anos que já estudava inglês no Brasil e a criança fez a transição super tranquilo. Mesmo a criança sendo uma esponja para aprender, dependendo do temperamento, ela pode ter um "delay" nos primeiros passos aqui.
* Agora durante a pandemia, muitas escolas converteram o modelo presencial para totalmente on-line. Muitos amigos que tem filhos e netos compartilharam comigo a dificuldade que eles e as crianças estavam tendo com este modelo. Muitas crianças estavam apresentando deficit de aprendizado, irritabilidade por estar na frente de um computador fazendo atividades que eles consideram monótonas e por longas horas. Uma amiga brasileira me disse que o filho adorava estar na escola , mas era um custo faze-lo ficar sentado no computador para fazer aula. Outra amiga me disse que o filho estava abrindo jogos enquanto em "sala de aula" virtual. Imagine seu filho em frente a um computador ouvindo alguem falando em outra lÃngua, e sem interação pessoal. Como será se ele não tiver um mÃnimo de conhecimento de idioma para se agarrar.
Alguns estudos americamos no ano de 2020 chegaram a conclusão de que apesar de não ter havido um número significadtivo de alunos com perda de ano, é significativo o baixo rendimento e aprendizado escolar no novo modelo para crianças.
Sugestão: veja com outros pais que estão no grupo e já se encontram aqui, sobre suas experiências com a escola das crianças.